segunda-feira, 1 de setembro de 2008

... tanta falta de honra?

Hoje apetece-me rabiscar sobre aquilo que mais preso na minha vida: a honra. É com ela com quem estou casado em primeiro lugar. É a ela que terei de ser fiel e me dedicar a vida inteira. Até porque, não há disjunção possível. Todos nós possuímos uma honra. Cada um terá a relação que quiser com ela.

O típico português é pouco dado à política. Especialmente os políticos. Mas a nossa honra é essencialmente uma questão de estado. Do nosso estado pessoal… É ela que define uma base de regras, leis pelas quais edificamos a nossa identidade.

Aquilo que nós denominamos de maturidade é precisamente o método de evolução positiva da nossa honra. Ao longo da nossa vida, dependendo da capacidade de raciocínio, gosto pela aprendizagem, lucidez e bom senso, vamos erigindo e definindo as nossas leis; a base que está na origem daquilo que pensamos, dizemos e fazemos, ou seja, daquilo que somos.

Da nossa honra resulta o nível de integridade e coerência das nossas acções, que nos permite ter convicções fortes e, sobretudo, fundamentadas. São precisas mais razões para lhe prestarmos atenção? Dedicação? Respeito? Lealdade?

Para mim não. Mas o facto irónico é que ao meu redor todos se proclamam tão inteligentes… tão sábios… num nível de luminosidade tão elevado… No entanto, onde anda aquela identidade fundamentada pela honra? Raramente se encontra alguém genuíno, que pense pela sua própria cabeça. Raramente se encontra alguém que não queira passar uma rasteira a quem passa ao lado. Raramente se encontra alguém que coloca o orgulho de lado, e humildemente convive com quem o rodeia.

Pensar na origem de tanta falta de honra pessoal acho que se simplificou nos últimos tempos. Todos os outros seres vivos também têm as suas regras. Desde os mais simples, até aos mais complexos a nível de inteligência, como é o ser humano. Todos os outros seres vivem em harmonia com a natureza, e todas as leis se complementam num ecossistema simplesmente magnífico. No meio disto tudo, quem é elemento destabilizador? Quem é o único ser que provoca desequilíbrios negativos?

Até um sismo de elevada magnitude representa que o nosso planeta está vivo, demonstrando um dos processos de renovação de vida mais imponentes. Mas a desflorestação, poluição, responsabilidade directa na extinção de tantas espécies… são puros actos de destruição. Nada se perde, tudo se transforma? Connosco não é bem assim. Muito já fizemos para que muito se perdesse sem retorno.

Todos os seres vivos têm os seus dons específicos. O ser humano desenvolveu o seu cérebro, como outros seres desenvolveram outras características. Digamos que o ser humano não tem o sentido de responsabilidade necessário para controlar o seu ímpeto ganancioso que a inteligência faculta. É complemente esquecido que quanto mais inteligência detemos, mais leis devemos ter, construindo uma identidade fundamentada na nossa honra.

A honra é o nosso equilíbrio, o pilar da lucidez. Evolui-la, deverá, apenas, representar o nosso primeiro e eterno desafio…