quarta-feira, 22 de setembro de 2010

... não se deveriam vender animais?

O ser humano sempre se colocou num pedestal, fantasiando sobre a superioridade perante todas as outras formas de vida. Efectivamente somos diferentes. Mas desiguais da mesma forma que uma flor é diferente de uma abelha. Entre a flor e uma abelha existe uma cumplicidade e necessidade mútua, que não se traduz em superioridade mas sim em complementaridade.

Devíamos nos complementar com o resto da natureza mas… assiste-se a uma guerra de poder onde a nossa capacidade inventiva é também utilizada para destruir. Se nos destruíssemos apenas a nós próprios… seria a nossa escolha. O problema é que prejudicamos injustamente o resto de todo o nosso ecossistema.

Um desses prejuízos é precisamente contra o resto da vida animal. Começando pela destruição dos seus habitats, até à própria captura massiva, as atrocidades são contínuas e milhares de milhões de animais são assassinados todos os anos.

Vender animais? Faz sentido? Faz sentido vender pessoas? A não ser que seja para alimentação, que explicação se pode dar para ter de pagar por um ser vivo? Observar animais em lojas a serem vendidos, faz-me a mesmo de confusão que ver uma loja com pessoas com um preço na testa.

Um ser vivo não pode ser traduzido em valor monetário ou escambo. Colocar um valor para algo que possui vida, é interpretar essa vida como um sendo um objecto para ser usado. E uma vida não se usa, vive-se. Essa existência vivesse pelo próprio ser, e não pela submissão perante outros seres. A venda de seres vivos acaba por representar uma forma de escravidão.

Claro que a venda de animais para consumo alimentar faz sentido. Neste caso, existe um objectivo natural que advém das próprias leis da sobrevivência. Mas, sobreviver não é igual à submissão de poder, que é o que acontece quando se vende um animal para satisfazer caprichos dos seres humanos.

Se todos os países proibissem a venda de animais sem ser para consumo alimentar, tenho confiança que grande percentagem das capturas ilegais de animais acabaria.

Os países desenvolvidos assumem um papel importante não só para partilhar e promover uma consciência de preservação do respeito por todos os seres vivos, mas também na definição e implementação de leis rígidas contra o lucro fácil à custa da vida dos animais. É uma escravidão, uma tortura, uma enorme falta de respeito perante a natureza.

Como é que se mantém a venda de animais quando os canis estão repletos de abandonos? É simplesmente ridículo. É incrível a facilidade como o Homem coloca como primeira prioridade os seus caprichos, e em segundo o respeito pelas mais elementares regras de bom senso pela natureza.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

... o tempo?

O tempo anda, corre, voa.
O tempo persiste presente.
O tempo atulha a ânsia.
O tempo nos engole.

Muito tempo se perde no tempo.
Investindo no tempo sem tempo,
numa encruzilhada temporal,
onde o tempo somente deve ser natural.

A efémera gota de tempo,
que na vida é desperdiçada,
por um eterno lampejo,
onde o orgulho perdura.

Quando concedes atenção ao tempo?
Quando banes o horror da maldade?
Quando sentes que o teu espaço,
na força do meu tempo se invade?

Não paro.
Também não delineio parar.
Unicamente a devoção ao tempo,
me faz certamente abrandar.

Sem tempo para me sacrificar ao passado,
olho constantemente para o presente,
com intento de viver um futuro,
onde o amor permaneça constante.

terça-feira, 8 de junho de 2010

... o determinismo me começa a fazer sentido?

A dança das palavras ao ritmo do livre arbítrio: que efeito terá se não somente perpetuar as consequências determinadas diante causas antecipadamente programadas?

O destino jamais me fez sentido, mas... tenho abordado este assunto de outras perspectivas.

Se o mundo rebobinasse um dia, tudo aconteceria da mesma forma até ao presente? É uma elementar pergunta, mas bastante pertinente. Como é que poderia não acontecer tudo da mesma forma? Faz todo o sentido que tudo acontece-se da mesma maneira, como se uma gravação se tratasse. Ou seja, todas as consequências futuras têm por base causas passadas.

Uma cadeia de eventos à cadência de causas. No fundo, somos parte de uma estrutura mecanizada. Talvez um dia consigamos de facto olhar dessa forma. Mas neste momento, como não percebemos todas as leis que determinam as consequências, ainda logramos a mente aberta para a magia do poderoso livre arbítrio.

De facto, é ainda estranho pensar para mim próprio que o que eu decido e me acontece é um efeito complexo determinado pela minha genética e interacção com o que me rodeia, sem ser efectivamente controlado por “mim”. Esse “mim” que com os avanços da ciência percebemos cada vez mais e melhor que é uma máquina.

Pensar como máquina… pensar que o estou a escrever agora é porque tudo o que se passou antes me levou a tal... Não, não foi uma ideia luminosa da “minha” autoria. Foi simplesmente uma consequência que matematicamente teria de suceder. Será tão estúpida esta visão?

Muitos dos pontos concernentes ao determinismo ainda me fazem confusão. No entanto, quanto mais cogito sobre ele, mais sentido me faz. Não posso cair na tentação de pensar neste assunto sob o ponto de vista do ser humano. Ainda somos demasiado frágeis para nos querermos converter em máquinas de um momento para o outro. Outros exemplos simples da natureza poderão nos inspirar para procurar respostas.

O livre arbítrio, como funcionará na prática? Supostamente é o que nos permite escolher perante várias opções. Mas porque optamos por um caminho ao invés de outro? Como funcionamos neurologicamente para atingirmos tal livre arbítrio? A minha convicção é que quanto mais percebermos como funcionamos a esse nível, mais iremos ter certezas que somos simples máquinas. Complexas por certo… mas não retirando o factor matemático de decisão, mesmo não tendo consciência sobre ele.

No fundo, resultamos de uma aglomeração de células, em que cada tipo tem a sua finalidade. Uma célula é uma entidade viva por si só, que durante a sua existência cumpre a sua função X de uma forma Y originando a consequência W. Esse processamento não acontece de uma forma aleatória.

Imaginando que gozávamos da tal máquina do tempo. Uma célula tem um certo comportamento numa determinada situação que ao receber um input produz um output. Se com a máquina do tempo voltássemos 1000 vezes atrás no tempo antes desse comportamento da célula, em 1000 vezes o output seria o mesmo. Ou seja, o comportamento dessa célula é algo que já está programado; que está determinado perante uma fórmula que ela própria contém, sem que haja uma variável aleatória. O livre arbítrio numa célula não poderá existir… como poderá então existir em “nós”?

Facilita-me desagregar a palavra destino de determinismo. Destino é como se tudo o que fizéssemos estivesse escrito algures: como se alguma coisa tivesse escrito o início, meio e “fim” (O que será o fim?) de toda a existência. O determinismo é como se alguma coisa tivesse escrito apenas o início. O durante e o fim, são apenas consequências das regras definidas nesse início.

Em matemática aplicada existe um ramo dedicado à Teoria dos Jogos, que é utilizado para tentar projectar comportamentos futuros nas mais diversas áreas, como por exemplo na economia, política ou biologia. Este ramo da matemática desafia um pouco as leis determinísticas tentando, através dos inputs e da forma de processamento dos mesmos, “adivinhar” os consequentes outputs.

Talvez nunca consigamos perceber onde acaba o livre arbítrio (se é que existe) e onde começa o destino ou determinismo. Talvez seja demasiado cedo para pensarmos em tais matérias quando antes ainda permanecem outras tantas coisas que necessitamos de compreender. Mas que me deixa inquisitivo, isso deixa…

sexta-feira, 30 de abril de 2010

... atropelo?

Ahhhhhhhhhhhh! Corro! Cavalgo! Atropelo! Levo tudo o que me apareça à frente. Nada nem ninguém me desvia daquilo que simplesmente quero. Determino o meu destino com a pujança que a nossa própria existência reivindica.

Gente minúscula que se cruza no meu caminho. Julgam-se uma grande coisa, mas a uma merda se aferrolharam. Que raio de infelicidade aquela a que se submeteram, iludindo-se que enxergam alguma coisa sobre a vida.

Coisas! Só coisas! Não sabem nada. Não querem nada. Opiniões? Isso dá muito trabalho. Determinação? Grande seca. Identidade? Xi… vai de retro Satanás. Gentinha reles, sem ínfimo interesse. E ainda se metem à minha frente?

Que se metam pois eu ATROPELO… sem perder fulgor. O maior gozo é que o faço sem esforço, sem rancor, sem preocupação, sem me desviar um milímetro. Ter a capacidade para ignorar e continuar, corresponde a uma liberdade enorme, não temendo qualquer porcaria que subsiste a cada canto.

Corro! Cavalgo! Atropelo! Levo tudo o que me apareça à frente. Se te pões a jeito, serás tu a próxima vítima. Inglória esperança que me conseguem fazer frente. Boa sorte de qualquer forma…

quinta-feira, 15 de abril de 2010

... apenas preciso de ti?

Um dia, dois dias, três dias,
o tempo ludibria o espaço… o espaço sem lugar.
Sem ti, apenas preciso de ti.
Contigo, apenas preciso de ti.

O encanto que perdura,
perante os dias esguios,
em que a tua envolvência avassala o preciso desejo de que:
apenas preciso de ti.

Aquele ritmo em que o meu coração bate,
retendo todos os meus sentimentos ateados.
O sangue acarreia emoções exigindo para mim que:
apenas preciso de ti.

Um dia te vi.
Todos os dias te quero descobrir.
Sem que encontre excepção, epílogo tudo o que sinto e:
apenas preciso de ti.

A arte do amor.
A simplicidade do que sinto.
Sem a ínfima dificuldade me convenço que realmente:
apenas preciso de ti.

Indulto o passado,
responsabilizando o futuro,
desejando para sempre olhar-te nos olhos e proclamar:
apenas preciso de ti.

domingo, 4 de abril de 2010

... o amor?

Mas que colossal barafunda. Tanta cavaqueira da treta sobre a tal coisa a que estimamos apelidar amor. Pouca coisa me enjoa… mas ouvir falar dele na nossa cultura, já me causa alguns distúrbios intestinais. Cheira mal…

Atenção. Não sou anti-amor, bem pelo oposto. Apenas considero decadente a forma como normalmente é encarado. Ou não se diz nada sobre ele, com as frases do “Não tenho palavras… não se explica”; ou então diz-se tudo e mais alguma coisa sempre num patamar completamente fora da realidade humana.

O amor é como um saco. Uuuuui! Para algumas pessoas ouvir isto, causa tanto arrepio como umas unhas bem afiadas a patinarem por uma ardósia reluzente. Mas voltando aos sacos, estes servem geralmente para colocarmos coisas no seu interior. No caso do amor, vamos pondo as características de alguém que consideramos cumprir com o que desejamos. Quando o saco está cheio, então podemos expressar: “amo-te”.

O amor não é um sentimento. É um estado composto por diversos sentimentos.

Como ponto zero, é indispensável compreender que não existe amor à primeira vista. O saco vai-se enchendo ao longo das experiências que se partilham. É algo que requer tempo, e precisa de engrandecer de forma sustentada. Não existe magia nenhuma. Nem se quer outras fantasiais mais elaboradas do fumo-que-arde-sem-se-ver. Estas expressões representam apenas conversa de encher chouriço, e que nos distrai dos verdadeiros fundamentos desse estado amoroso.

Em primeiro lugar, é necessário meter-se na cabeça que cada pessoa tem o seu saco, e cada uma coloca nele o que achar relevante. Pelo que, não faz qualquer sentido nomearmos uma definição universal para amor. Cada pessoa ama como quer e bem entender. O tamanho dos sacos é dissemelhante de pessoa para pessoa; só há que respeitar.

Em segundo lugar, e como ponto fulcral, a busílis não é sentirmos o estado amoroso, mas sim perceber o porquê. Vejo muita gente a amar primeiro, e só depois tenta perceber porquê. Nestes casos, na maior parte das vezes, o saco está cheio… cheio de ar! Que significa o mesmo que estar completamente oco. A ilusão e pressão social ganharam espaço ilusório perante a realidade sentimental.

Chegando ao terceiro lugar, há que manter esse amor. Para isso, temos de ir renovando o que está dentro do saco, sem nos podermos esquecer que temos de o fazer concomitantemente com a pessoa de quem afirmamos amar.

No quarto lugar… bem, no quarto pratica-se o amor. Mas isso é palestra para maiores de 18 anos, e eu ainda sou muito pequenino.

No fundo, o delírio e falta de lucidez pelo amor, faz com as pessoas se olvidem da sua simples e pura essência. É complicado pensar-se no amor como algo simples, pois confundem-no com futilidade, sem que tenha absolutamente nada a ver. Somos injectados durante a nossa infância e adolescência para encararmos o amor como se fosse algo complexo, à moda da ciência quântica.

Mas a lucidez sobre o amor… a percepção e concretização do mesmo em simples palavras que descrevem exactamente o porquê de amarmos alguém, traduzindo o que temos dentro do saco, liberta-nos totalmente para que consigamos desfrutar desse estado na sua plenitude. Ai sim, surgem momentos que nos marcam e fazem sentido; e principalmente não vivemos no comum profundo engano.

Um abraço Camões. Sem dúvida, foste um homem muito à frente do seu tempo. No entanto, digo-te no olho (esta foi má… mas ele não leva a mal) que não concordo com o teu poema. Por isso, libertei-o da ilusão, e espelhei-o na realidade:

Amor é fogo que arde e se vê;
É ferida que dói e se sente;
É um contentamento contente;
É dor que desatina e magoa;

É um bem-querer;
É união andar por entre a gente;
É manter-se contente;
É cuidar que se ganha sem perder;

É querer estar livre por vontade;
É servir sem vencedor;
É ter com quem nos vive a lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão certo a si é o mesmo Amor?

domingo, 21 de março de 2010

... se reza?

Um jogo de futebol. Duas equipas a jogar, outra a arbitrar, e mais dois 12º jogadores, que correspondem ao público.

Relativamente aos 12º jogadores, é muito gracioso observar o facto de que… de que ambos rezam pelas suas equipas. Olhares para o céu, mãos dadas e ave marias misturaras com pais-nossos. A outro campeonato se assiste para além da Liga Sagres.

Como seria o relato do dérbi Benfica Vs Sporting em termos de rezas? “Ai vai o Benfica com muito perigo, já com 743 ave marias bem perto da grande área. Será que chegará às 745 e chuta para o paraíso?! Mas o Sporting corta a reza com 345 pais-nossos. Que perdida meu deus… mas há que dar mérito à grande defesa celestial do Sporting.”

Deus é uma maravilha porque ouve e vê tudo. Num jogo de futebol, ele presta mais atenção ao valor das equipas, ou ao campeonato das rezas? Como é que avalia as rezas? É pela quantidade? Por quem reza em voz alta? Se for em voz alta, pelo volume da voz? Se for em pensamento, será pela rapidez?

Como ele é super poderoso, deus se fosse jogador também usaria caneleiras, ou dispensava-as? Deus também precisa de árbitros?

Na minha opinião, ele tem árbitros de certeza. Por isso é que se embusteia tantas vezes. Mas não é só no futebol. Digamos que a reza “opera” para uns, não para outros… Simplesmente não se topa um padrão, que é o mesmo que asseverar que na prática o resultado de uma reza é nulo. Só mesmo o dogmatismo religioso não consente divisar este trivial facto.

Deus se fosse jogador, desempenhava que posição? (Por mim, nem no banco ficava… mas pronto, sou suspeito).

O acto de rezar figura mais uma característica que estabelece a submissão de uma pessoa diante uma religião. É um talhe essencial para que ela perdure na mente de qualquer indivíduo, independentemente da sua lógica. O marketing religioso é poderosíssimo, e a reza assume a dianteira na sua consolidação.

Se deus fosse árbitro, também aceitaria fruta do Pinto da Costa?

Costumo dizer que a religião é considerada verdadeira por pessoas comuns, como falsa pelos sábios e muito útil para quem governa. O medo e dúvidas de cada ser humano traduzidas na natural ignorância, criaram ao longo dos tempos os mais diversos deuses. Mas será o conhecimento e o saber que os irão destruir, libertando o ser humano para a sua real essência sem ter necessidade de se submeter a dogmas criados por outros seres humanos, que apenas possuem como base a ambição desmedida do poder.

Será que deus também reza? Se sim, reza para quem? Quem fez deus? Foi o maxi-deus? E quem fez o maxi-deus? Foi o perna de pau?

Rezem, rezem… mas eu cá por mim sigo sempre o ditado: “Fia-te na virgem e não corras…”! GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOLO!!!!!

sexta-feira, 12 de março de 2010

... negociar?

Indumentária apropriada. Olhar luzente. Sorriso confiante. Cabeça alçada. Discurso plácido e sem solavancos.

A arte negocial exprime uma unicidade pessoal que em conjunto se aprecia como se de um museu se tratasse.

Um negócio não representa estritamente o acto singular que o formaliza. Na maior parte das vezes é um jogo de cintura que vai mantendo relações profissionais pelo tempo…

Todavia, não será tudo na vida uma espécie de negócio? Não nos estamos sempre a avaliar uns aos outros? Não selamos constantemente negócios pessoais de paz, guerra, amizade, oportunismo…? Qualquer acção livre perante outra pessoa corresponde a uma vontade mútua, concretizada em artigos emocionais registados na alma.

Os negócios com valor jurídico são uma gota de água na quantidade de negócios que deveríamos assinar instintivamente durante as nossas simples acções.

Porquê considerar tudo o que fazemos como um negócio? Exactamente porque nos obriga ao tal jogo de cintura; exige dedicação e esforço; ponderação e bom senso; demanda arquitectarmos uma estratégia de vida. No fundo, as características de um negócio que comummente associamos ao espectro empresarial, podem e devem ser aplicadas no nosso dia-a-dia.

Investe na tua vida…

segunda-feira, 1 de março de 2010

... o patriotismo e afins?

Sepulto os fundamentalismos. Cristianismos, clubismos, partidarismos, patriotismos… Vastos ismos que nos infligem cegueira e surdez.

Sem assimilar que a decisão pertence à maioria, mas não a razão, os ismos perduram numa sociedade de rebanhos.

Ser patriota? Defender um país? Amar um país?

Eu amo o meu país, mas fujo aos impostos.

Eu amo o meu país, mas que se fodam os que precisam de ajuda.

Eu amo o meu país, mas ganância consome-me

Eu amo o meu país, mas só me vejo e ouço a mim.

Como em todos os ismos, o fundamento do patriotismo ao longo da história teve o seu epicentro na busca do poder. O patriotismo é o argumento invocado sempre que é necessário a submissão irracional do povo.

O patriotismo para a guerra.

O patriotismo para desculpar erros de governação.

O patriotismo para financiar corporações.

O patriotismo para pedir sem dar.

É necessário ser patriota para respeitar o próximo?

É necessário ser patriota para ter uma consciência cívica?

É necessário ser patriota para ter uma relação de paz com outras culturas?

Claro que não, pois as regras triviais e fundamentais da pura paz jamais encerram raiz no patriotismo.

Para que é que serve então? Sem a cegueira e surdez, é inteligível perceber quando, como e porquê o patriotismo é invocado e aplicado.

Sou um cidadão do mundo, desatado de ismos. E hoje apetece-me exprimir: que se fodam os ismos.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

... ainda o sorriso?

Com um sorriso se vive.

A nossa casa não é feita de pedra, mas sim de sorriso.

Um sorriso cria, a falta dele destrói.

Com o meu sorriso conquisto-me a mim.

Com o teu sorriso conquistas o mundo.

Com um sorriso se permanece pessoa.

Com um sorriso se diminui a dor.

O sorriso liberta.

O sorriso encanta.

Com um sorriso se morre.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

... o teu sorriso?

Indiferente perante a vossa presença. Frio e distante. O estímulo é nulo e honestamente não me importo.

A virtude pelo simples esquecimento de outras existências perdura no tempo até… até que por vezes emana a ardência de um singelo sorriso.

Puro, cristalino, doce. Esse sorriso que me subjuga e faz novamente sentir.

Aqueles risos escárnios, falsos e repetidos do dia-a-dia são extintos, e o teu locuplete-me o espírito.

Finalmente palpito a existência de um mundo: o teu; perante módico sorriso tão vasto…

Hipnotizas-me com esse clarão de ventura. De que mais necessito? Apenas mais do teu sorrir.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

... deus é mau a matemática?

Como será um dia do nosso fofinho deus da igreja católica? Bem, não vou falar do domingo, pois afinal é quando ele dorme a soneca depois de 6 dias de labuta árdua.

Pela idade, cheira-me que até acorda cedo. Aliás, é bonito afirmar que se levanta com o nascer do Sol. Até ficava bem numa bíblia essa visão. O problema é que afinal não pode dormir, pois está sempre de dia em alguma parte do planeta. Isto de terem inventado que afinal a terra é redonda, que o sol está no centro e somos nós que andamos em torno dele, acabou por ser uma chatice para deus. Assim, o caramelo não dormita durante os 6 dias em que trabalha. Eu protesto. Coitado… não tem nenhum sindicato que o apoia como deve ser. Proponho que alguém de um dos muitos sindicatos dos professores prontamente o represente. 35 horas de trabalho semanais e mais nada. Luta sindical por deus: ajuda e serás recompensado com um T2 no paraíso, equipado com aquecimento central e hidromassagem.

A sua capacidade para estar em todo o lado é espectacular. Deve ter um sistema multi-processador. Será que tem um processador por cada pessoa? Para cada família? Onde está a fábrica para construir tantos processadores? É a mesma que fabrica o Magalhães? E como é que os coloca na cabeça dele? Tem cabeça? Faz a barba? Afinal nós fomos feitos à sua imagem ou não? Também depila as pernas, como está agora na moda? Pronto, peço desculpa… mas sou muito curioso. A culpa de ser curioso não é minha, mas sim do deus que me fez, ou dos planetas, ou das estrelas, ou das cartas, ou dos búzios, ou das minhocas… eu não tenho culpa de nada. Sou apenas uma marioneta de todos os poderes paranormais idealizados pelo Homem.

Já agora, nós estamos ao seu serviço desde quando? Supostamente, segundo as datas expressas na bíblia, o inicio da Terra foi algures a 22 de Outubro do ano 4004 AC, à noite. Ainda é um mistério o que foi de feito de manhã e à tarde... Mas que raio, os fosseis não demonstram que somos assim um bocadinho mais antigos? Mas pronto, a diferença é apenas uns milhões de anos. Mais milhão, menos milhão… talvez deus não seja bom a matemática. Se ele estivesse mais atento quando criou a terra, não deveria ter dado espaço para os fosseis. Assim apagava as provas. Ai ai meu deus! Para a próxima já sabes! Aprende com os erros avozinho.

Bem, afinal irei apenas descrever uma manhã de um dia de trabalho do deus. Um dia inteiro seria uma seca. Acho que ele numa destas manhãs olhou para o seu monitor (informo que já tem um portátil dos pequeninos. No entanto, o Sócrates ainda não lhe vendeu um Magalhães. Isto porque o Saramago parece que tem um, e deus não gosta dele.) e viu o terramoto no Haiti. Viu não!! Que estupidez a minha. Foi ele que o provocou. Ou não? Ou afinal não é apenas o homem que tem livre arbítrio? O planeta em si também o possui e engasga-se de vez em quando?

Nestas catástrofes naturais, coitadinho do deus que parece que fica um pouco desnorteado. É estranho assim fique, pois então não foi ele que inventou a rosa-dos-ventos? Não percas o norte avozinho.

Digo que perde o norte pois o gajo só se lembra a fogachos de salvar alguém. Sim, porque quando uma equipa de salvamento encontra uma criança presa há 5 ou 6 dias em pleno sofrimento é milagre. Foi deus que a encontrou. Os salvadores foram também somente umas marionetas de deus. O faro do deus é como os cães de água portugueses: apuradíssimo. Pena que o faro não seja para todos. É só para alguns. Morrem mais de 100 mil pessoas… uma ou outra é salva, e viva ao deus. És um bacano avozinho. Mas já deve ter Alzheimer, pois esquece-se de salvar umas quantas mais. Mas agora só foi um erro de milhares e não de milhões. Cá para mim, o avozinho já anda a ter explicações de matemática. Nota-se esforço, e temos de lhe dar mérito. Força avozinho.

Se deus tiver nacionalidade, não é brasileiro… é português mesmo. Ou não fosse ele tão preguiçoso. Para quem pode estar em todo o lado, para quem ouve tudo e todos… então não pode salvar tudo e todos? Deve dar muito trabalho… ou então é masoquista e adora observar o sofrimento.

Com todo o respeito pelos alentejanos, cá para mim deus imigrou para o Sul de Portugal, ficando muitas das vezes a arrochar de baixo de um chaparro. Mas reparem, tudo se encaixa. Então se o avozinho perdeu o Norte, só pode ir para o Sul.

Já agora, o deus almoça? Gosta mais de frango ou coelho assado? Na volta é vegetariano… Pronto, lá estou eu curioso outra vez. Será deus curioso? Será que deus me está a ouvir? Ou será que instalou um programa no meu PC, estilo hacker chinês, e está a ver tudo o que estou a escrever? Será que deus, quando era pequeno, queria ser mesmo deus, ou tinha também a fantasia de ser bombeiro?

Já fiz o suficiente para ir para o inferno nesta vida. Será que depois deste texto, até o diabo me quer pela sua beira? Será que vou para uma zona ainda mais quentinha? Também servem coelho no inferno? Ou farei eu de coelho assado? Ao menos que me dêem uma coelhinha.

Será que se continua a fazer sexo no paraíso? Será que também no paraíso apenas se faz sexo para procriar? Se assim for, será que o paraíso é como Portugal onde a população está cada vez mais envelhecida? Será o inferno como a China ou Índia, por se andar sempre a fornicar?

Será que no paraíso a taxa de SIDA é muito alta porque não se pode usar preservativo? Deus usa gillete ou máquina de barbear?

Sim, já chega… até logo inferno… :).

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

... não sentimos realmente?

Emoção e razão. Conceitos antagónicos?

É usual a asserção de que quem é racional, não consegue ser emotivo, e vice-versa. Parece que a emoção e razão são duas entidades que seguram as extremidades de uma corda. Uma puxa de um lado, outra do outro… uma ganhando terreno quando puxa mais forte do que a outra.

Culturalmente nascemos e crescemos com um conceito mágico de emoção. Emoção é aquela coisa linda e maravilhosa que sentimos, e que simplesmente não se explica. Aliás, é um ultraje conseguir justificar uma emoção. Ai de alguém…!!! Como é possível aquele energúmeno querer explicar tal mágica…!!! No mínimo deverá ser apedrejado ou queimado em praça pública.

Por outro lado, o racional é aquele que não sente. É o tipo frio da porta ao lado. Representa a pessoa cruel, sem magia interior.

Esta visão entre emoção e razão representa, e sendo frontal, um conjunto de personalidades pobres e mangonas. Afigura o poder fácil para se poder sentir tudo e mais alguma coisa, pois não é preciso fazer mais nada a não ser afirmar que se sente, ao bom estilo cinematográfico: “Ahhh, é tão lindo o que sinto que nem tenho palavras!!!!”. Sim, fica bem num livro… num filme… é o que vende… e é tão, tão fácil… Basta o blá-blá das frases feitas…

No entanto, vivemos num mundo real. O conflito entre razão e emoção acaba por ser um hino à fragilidade humana. Representa a total rebimba emocional.

Defendo que a fórmula para o genuíno sentir será: sentimento = emoção + razão.

Quer a emoção quer a razão devem crescer em paralelo. A razão representa o fundamento da emoção, acabando com o seu dogma. Como é possível sentirmos algo verdadeiramente sem se quer o conseguirmos explicar? Como é que possível sentir algo sem compreendermos os seus fundamentarmos; sem encontrarmos as causas para a o origem do seu aparecimento; sem percepcionarmos porque cresce ou diminui? Os “porque sim” e “porque não” representam uma pura ilusão, que mais tarde ou mais cedo nos projectam para as habituais balbúrdias sentimentais. Os extremos instituem-se, acabando a vida por representar uma teia de extremos: um onde se possui a pura convicção que se sente alguma coisa; outro onde simplesmente não sente nada.

A razão permite fugirmos desses extremos, construindo uma consciência lúcida perante as nossas emoções. Criando um equilíbrio que nos permite com que os sentimentos surjam e cresçam de forma sustentada. Possibilitam que se saiba porque gostamos, porque nos apaixonamos, porque amamos, porque odiamos… E quando se atinge o saber, mais se retira das emoções uma vez que conseguimos viver a sua essência, encaixando-as de uma forma mais intensa nas nossas vidas.

A nossa cultura está impregnada de dogmas religiosos, bombardeio de marketing publicitário, filmes, livros, revistas… de autênticas magias. Fazendo uma analogia com o ilusionismo, precisamente o ilusionismo não passa de uma magia de truques para enganar a visão e percepção humana. A magia das emoções inexplicáveis constituiu o primeiro duro golpe para potenciar em larga escala os truques para andamos enganados uma vida inteira, onde nos nutrimos apenas com os restos das nossas constantes ilusões…

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

... o natal me passa ao lado?

O menino jesus não entrega prendas porque ou está nas palhas estendido, ou está nas palhas deitado.

O pai natal apanha grandes bebedeiras de Coca-Cola e só não é pedófilo porque é fixado nas renas. Pratica o que muitos denominam de sexo renal…

Um burro e uma vaca? Já tenho de aturar tantos burros e tantas vacas durante todo o ano, e agora ainda mais dois a bufar em cima de mim? Jamais.

Os reis magos fiam-se na virgem, não correm, pelo que chegam sempre atrasados.

E… para que é que quero mirra? Era usado pelos Egípcios na sua arte de mumificação, e eu ainda não quero morrer.

Para que é que quero incenso? Eu tomo banho todos os dias. Naquela altura é que precisavam dele para afastar o mau cheiro do surro acumulado nos sovacos.

Para que é que quero ouro? É um mau investimento hoje em dia… se me pagarem o empréstimo da casa, pode ser que pense no assunto.

Mas as pessoas felizmente seguem a tradição: oferecem prendas uns aos outros que em 99,99% das vezes, simplesmente não servem para nada.

O desperdício levado ao extremo nesta época, apenas contextualiza a futilidade espiritual que perdura durante o resto do ano.

Hoje em dia, o brilho no olhar compra-se, em vez de ser conquistado. O ponto fulcral, é que passado o momento da abertura das prendas… passado o momento de enfardar o bandulho com mais e mais comida (esta parte gosto), tudo depois volta ao normal... o brilho nos olhos eclipsa-se e… e até para ano.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

... tanta insanidade?

Um mastro. Cem metros de altura. Uma bandeira de Portugal. Um milhão de euros.

A insanidade mental atinge proporções que realmente nem se sabe bem o que verbalizar.

A Câmara Municipal de Paredes, comandada por um social-democrata (coincidência), decide estabelecer como investimento prioritário no seu município, um objecto comemorativo do centenário da república no valor de um milhão de euros.

Humm!! Ainda dediquei uns minutos a tentar perceber o impacto real nos cidadãos. Podia ser que me estivesse a escapar qualquer coisa… Até encontrei um ponto a favor, mas depois apercebi-me que só seria positivo se estivéssemos com a Alice no País das Maravilhas. Ai faria todo o sentido…

Irá avançar? Ninguém pára esta loucura? Será verdade o apoio do Presidente da República?

Vivendo em Portugal, vamos dando conta da incompetência e irresponsabilidade de quem está no poder político. Até quase que me passa ao lado, pois infelizmente não tenho capacidade para mudar o estado do Estado. Mas lidar com loucuras? Tudo muda de figura. Ando a pagar os meus impostos para isto? Que respeito merecem?

Cambada de energúmenos, que ensandecem por troca de alguns minutos de atenção mediática social.

O PSD já nos habituou a posições fundamentalistas, querendo impor regras ideológicas quando estas devem ser absolutamente livres. Agora mais um trauma nacionalista, e mais dinheiro deitado para o lixo.

É deveras interessante a Ferreira Leite criticar negativamente os grandes investimentos públicos. No entanto, nem um pio relativamente a uma bandeira de um milhão de euros. A iluminação arrogante deste tipo de pessoas é indesculpável.

Se essa obra for a avante, representará sem qualquer dúvida, não um louvor à nação, mas sim um atestado de insanidade a todos nós.

Que vergonha de ser português…

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

... tanto exagero?

Hoje. Impávido e sereno. Presencio a construção de histórias por um mentiroso compulsivo. Bem, não é totalmente mentiroso pois não o faz com maldade. Apenas se nota claramente que a cada conto acrescenta sempre um ponto. No seu caso, muitos… muitos pontos.

Fico assustado com a convicção com que as pessoas garganteiam historietas, acreditando mesmo nelas próprias. Se alguém roubou mil euros num assalto, afinal foi um milhão. Se morreram dez pessoas num acidente, afinal foram cem. Se viu um cão grande, não tinha um metro, tinha dez.

A lei da multiplicação imaginária é deveras curiosa… especialmente quando este conceito base se coloca em prática para benefício económico. O exemplo perfeito é todo este alarido feito por causa da gripe A. Seria de esperar de organizações independentes de saúde um melhor esclarecimento social do que realmente está em causa. No entanto, o alarmismo popular ganha terreno, assim como toda a economia paralela farmacêutica.

Apenas estou espantado com o facto de ainda não ter surgido nenhum sucesso de belheteira hollyodesco, do tipo: “A-Flut, Total Annihilation”. Sylvester Stallone (as Rambo), Arnold Schwarzenegger (as Terminator), Chuck Norris (simplesmente as Chuck Norris) e Elijah Wood (as Frodo Baggins) conhecem o Rick Moranis (o pai no “Honey, I Shrunk the Kids”), são colocados numa máquina, diminuídos ao máximo, e andam pelos corpos das pessoas a aniquilar o vírus da gripe A. Existe melhor argumento que este? Ah!!! Falta-me escolher a boazona do filme pois se não, não há audiência. Bem, pode ser a Laura Vandervoort (as Boazona).

Está nos genes do ser humano exagerar no vê e sente. É uma forma de sobressair e colher uma satisfação superior no seu exíguo ego. Aquele brilho cintilante aquando exagera… até quase que se compreende, mas era escusado. Quem necessita de desproporcionar para dar importância a algo é porque na realidade não tem aptidão para dar valor às pequenas coisas e momentos que a vida nos propicia.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

... eu?

Segundos, minutos, horas, dias, semanas, meses, anos de dedicação e honestidade, tentando conquistar uma integridade pessoal impar. Curioso que não resulta.

Surgem sempre momentos em que o interesse pessoal supera o valor colectivo. O orgulho ajuda… demasiado.

Ingratidão.

Porquê não parar com este esforço, quando os resultados positivos aparentemente são poucos? Jamais. Antes de viver para os outros, tenho de viver para mim. Sou íntegro para mim. Quem quiser aproveitar esse facto, seja bem-vindo a bordo. Quem não quiser, não precisa de se preocupar com nada, pois eu próprio tomarei a iniciativa para perceberem que se estão a meter com a pessoa errada.

Indiferença.

Porquê preocupar-me? Jamais. Responsabilizo-me por cativar o respeito de quem me rodeia. Se não me respeitam, apenas terão um ou dois créditos para gastar. Depois disso: Game Over.

Especular.

Porquê especular sem perguntar? Jamais. É sempre muito interessante observar os juízos de valor que as pessoas fazem gratuitamente. Nem se quer dão ao trabalho de perguntar. Mas dessa forma, nem eu me dou ao trabalho de explicar. Realizam filmes com personagens fictícias, colando-as a pessoas reais. Resultado: drama e tragédia, das quais para mim, se traduzem em comédia.

Conquista.

Porquê não me acomodar? Jamais. A integridade que defendo, pelas minhas convicções, pelos meus desejos… sinceramente não há nada mais importante que isso. Quero e gosto de me sentir uma pessoa com a minha identidade. Inocuamente vivo… ao meu sabor, ao ritmo do meu vento. Quero me conquistar sempre, sabendo intensamente o que sou.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

... a mentira disfarçada de verdade?

Loucura perante a incógnita da verdade. Razão constante através da mentira.

A aliança do ser humano pela sede exacerbada do poder acaba por representar a vaselina para a mentira.

Sem meios para atingir fins, preservando o orgulho no próprio umbigo, o desfecho resume-se a atropelar tudo e todos somente com o critério de alcançar o seu poder pessoal.

A ingenuidade constitui o último catalisador para a proliferação da falsidade.

Começo a rir para não chorar com o recente slogan do PSD: “Política de Verdade”.

Não possuo cor partidária, apesar de me aproximar às ideologias de esquerda. Apenas reconheço o valor pela competência. Pelo que as minhas opiniões políticas são totalmente imparciais.

Verdade? Esta verdade tem duas conotações:
a) Mas alguma vez a classe política, especialmente o PSD, fez com que a transparência da verdade venha ao de cima? Que descaramento pessoas que manipulam ideias, números, pessoas… virem invocar o rigor da verdade. Tenham vergonha na cara.
b) A tendência dogmática pela imposição de uma verdade única. Indivíduos que confundem as suas opções religiosas como imposições políticas, deveriam simplesmente ser banidos de qualquer cargo de poder do estado. Acabam por extravasar as convicções cegas da religião, e agem da mesma forma perante tudo o que os rodeia, sem abertura para novas formas de pensar e actuar.

Será que num futuro próximo conseguiremos ter uma sociedade onde prolifere uma verdade mais transparente e livre? Na minha modesta opinião, talvez não.

Antes pensava que o problema seria mesmo uma tendência genética para a mentira de grande parte dos seres humanos. No entanto, tenho mudado a minha opinião.

O que realmente motiva as pessoas a mentir é a infeliz postura do “olho por olho, dente por dente”. Ou seja, “se ele mente e se dá bem com isso, porque não faço também o mesmo?”.

Uma reduzida percentagem de pessoas tem perfil para serem reais líderes. A outra grande percentagem, apenas quer seguir sem se quer pensar em nada. Se os líderes mentem, simplesmente farão o mesmo.

A nossa classe política mente, omite, manipula… Pena que o povo tão crítico acabe por descer ao mesmo nível. Faço uma analogia com o mundo do futebol: porque os jogadores criticam tão negativamente os árbitros quando são eles os primeiros a os tentar enganar? Paradoxal…

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

... a doença?

A doença. Uma constipação, um cancro. Uma aventura perante as obras-primas da natureza.

Eu vivo.
Tu morres.
Ele vive.
Nós morremos.
Vós viveis.
Eles morrem.

Inconsequente ira que se forma em torno do caos. Apetece nos entregarmos à cólera como amante da vida; mas que adianta? Acaba por representar uma droga que apenas nos satisfaz por breves momentos… e que nos vai destruindo… destruindo ainda mais.

Destruição? Sim, existe. Revolta? Já senti, mas que erro é nos entregarmos a ela. O que não se muda, apenas temos de nos saber adaptar. É a diferença entre felicidade e tristeza. Cada momento conta, perante a tácita realidade da doença.

Sorrio perante ti… perante a doença… perante cada segundo. Finito passado coberto por um futuro eterno.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

... ainda se confunde idade com identidade?

Costumo caracterizar a idade como sendo apenas uma métrica utilizada para quantificar o número de órbitas completas em torno do Sol a partir do primeiro dia de nascença. O que realmente importa é a identidade, que não se mede pela quantidade de dias que estamos vivos. Antes fosse…

Existe uma tendência corriqueira de misturar os conceitos de idade, identidade e maturidade. É deveras hilariante presenciar pessoas a partir de certa idade se auto-intitularem de maduros. Parece que a maturidade é a mesma coisa que ser sócio do Benfica e, passado x anos, sermos considerados sócios com direitos adquiridos pelos estatutos do clube.

Na nossa vida, a idade é o estatuto adquirido. A maturidade não. Esta depende da nossa capacidade de aprendizagem, da sensibilidade para absorver o que nos rodeia e conseguir interpretar o respectivo contexto, da nossa abertura para a mudança, assim como, e talvez o mais importante, depende do bom senso.

O que realmente tenho presenciado é que à medida que as pessoas vão avançando nas suas vidas, menos agem para se tornarem maduras, pelo facto de que na prática o ser maduro acaba por ter o argumento inconsequente da idade. Acaba por resultar numa atitude presumida e pouco humilde, lançando sempre o argumento fútil e básico dos anos de vida.

Ignore-se a idade, mas trabalhe-se pela identidade.

Sinta-se a responsabilidade da experiência, aprendendo com os erros e com os maus momentos.

Consiga-se olhar para o espelho, colocando um bonito sorriso, com a confiança que se é melhor hoje do que ontem pois se evoluiu psicologicamente, e não apenas porque mais um dia passou…

terça-feira, 23 de junho de 2009

... me apetece escrever?

Os dedos tecem as ideias que vagueiam pela minha mente.

Relâmpago do intelecto escoltado em trovões quando escrito.

Chocolate quente negro derramado em doces natas brancas, moldam reflexões cozinhadas durante anos, ou em apenas escassos segundos.

Flor de factos ou apenas fruto da minha imaginação.

Explosão violenta de emoções numa esquiva sensação de paz.

Conjugação do passado, presente e futuro num momento sem tempo.

Raiz dos meus desejos inóspitos narrados até às folhas.

Intimamente me conecto a mim, na ânsia de livremente me desprender de tudo...

segunda-feira, 25 de maio de 2009

... existem pessoas completamente otárias? I

Sobre o objecto "pessoas completamente otárias", tenho imenso que escrever. Dai ter colocado o "I". Novos relatos de pessoas geneticamente tolas certamente serão documentados aqui.

Como é a primeira vez que me pronuncio sobre tal raça, quero em primeiro lugar dar a minha "definição". Como todos já sabem o que é (alguns por experiência própria, outros por encarnarem tal personagem), o meu objectivo não é caracterizá-la, mas sim explicar o que realmente me provoca. Aquele nível de otarismo gratuito, só me dá mesmo vontade de lhes dar com um pau na tola... várias vezes... as que fossem precisas, até que alguma coisa comece a funcionar naqueles poucos neurónios.

O relato de hoje é sobre higiene. Supostamente existem locais específicos para a efectuarmos. Mas... não é que existem pessoas que utilizam a sauna e banho turco públicos para cuidarem da sua higiene pessoal. Ou seja, vão para lá fazer a barba, lavar os dentes... só não defecam porque ainda não se lembraram disso. Urinar nunca assisti, mas não me escandalizava nada.

Mas será que têm algum lapso psicológico; algum buraco temporal e espacial se forma nas suas cabeças e se esquecem que NÃO ESTÃO EM SUAS CASAS?

Será que o tico e o teco responsáveis por percepcionarem que vivem em sociedade deixam de comunicar e se esquecem que AQUELE LOCAL É PARTILHADO POR MAIS GENTE?

Mas não... o que é bom é deitar para o chão húmido e quentinho os germes e micróbios que têm na boca, misturados numa espuma mal cheirosa de qualquer pasta de dentes ranhosa.

Mas não... o que é bom é deixar rastos dos pelos da barba misturados em sangue de um qualquer corte na face.

É precisamente isso que ambicionamos que as pessoas partilhem connosco. É ou não é? Só falta mesmo nos começarmos todos a cumprimentar escarrando uns para cima dos outros.

"É pá... há quanto tempo que não te via... Estás bom? AGGGRRRRRRRRR PLUSSSSSHHHH" - tentativa de colocar em palavras uma escarreta.

Sinceramente... é mesmo só à paulada.

A mim... a mim há dias calhou-me na fava um Otário que decidiu partilhar não só a lavagem de dentes, como também fazer a barba.

Estou eu muito relaxado no banho turco... Cerca de sete/oito minutos sabem-me mesmo bem. Vou no meu segundo minuto... e lá entra o artista com a escova de dentes já espetada na boca.

O meu primeiro instinto foi: dou-lhe uma abordoada na tromba que até lhe faço engolir a escova. Até imaginei a cena e soltei um sorriso sádico. Mas depois de respirar fundo e apelar ao meu instinto pacificador, lá lhe expliquei que não era muito racional estar ali a lavar os dentes.

"Bla, bla, bla" - Nem percebi o que ele disse, mas lá saiu.

No entanto, não é que passado mais dois minutos o Otário entra lá de gillette em riste, preparado para decapitar os pelos da barba? Agora enfiava-lhe a gillette por um sítio que eu cá sei.

"Bla, bla, bla... que a cara fica mais macia!" - Responde-me ele depois de lhe dizer para sair dali para fora.

Mas que valente Otário. Será assim tão difícil de perceber? O mais estúpido é que só saiu quando lhe disse que tinha duas opções: ou fazia a barba fora do banho turco com a gillette, ou dentro do banho turco mas à chapada. Aquela besta quadrada não conseguiu perceber nenhum dos argumentos que lhe estava a dar.

A falta de bom senso acaba por ser assustador. Se nestas coisas básicas da vida não são capazes de perceber o que estão a fazer, quanto mais noutras situações?

quinta-feira, 21 de maio de 2009

... ser diferente?

Costumo pensar na diferença de duas perspectivas diferentes: a diferença que poderei alcançar em mim próprio; a diferença que as pessoas poderão cativar em mim.

Fica de fora, inicialmente, o que poderei erigir de diferente em mim por alguém. Por um lado, são raras as pessoas que me fazem mudar o que quer que seja. Por outro, se a diferença não começa por nós e é imposta, acabamos sempre por criar uma ilusão para nós e uma mentira para os outros.

A diferença deverá, acima de tudo, ser espontânea. Não deveremos ser diferentes gratuitamente, apenas porque nos dá prazer ser do contra. Nem deveremos ser iguais aos outros, apenas pelo medo de sermos diferentes.

A diferença marca uma igualdade para nós próprios. Ser ou não diferente, não pode representar uma preocupação. Quem é diferente, não deve forçar essa diferença. Quem não é diferente, tem de respeitar a diferença nos outros.

Pessoalmente, adoro a palavra diferença. Estar a escrever sobre ela, poder repeti-la tantas vezes… gosto! Sempre me pareceu que cada pessoa tem capacidade para ter as suas diferenças, representando aquilo que mais ambiciono encontrar em alguém: genuinidade.

Alguém genuíno constitui uma autenticidade humana que coloca qualquer tipo de relação num estado intenso. Conquistar essa genuinidade e pertencer a uma maioria (não ser considerado diferente) ou pertencer a uma minoria (ser considerado diferente), digamos que a pertença deverá ser o pequeno detalhe. O real valor é a capacidade que temos em perceber o que somos individualmente, conquistando o nosso próprio espaço.

Se formos curiosos e vivermos numa permanente onda de questões, facilmente alcançamos uma mente diferente, sem problemas de aceitação da mesma em nós e nos outros. Para além disso, adquirimos também a capacidade para absorver os exemplos de quem nos rodeia. Não só os bons, mas também os maus. Neste caso, o nível de bom senso desempenha um papel fundamental para que o nosso juízo entre o bem e o mal seja equilibrado.

Quando duas pessoas genuínas se encontram… ai sim, consegue-se adquirir uma cumplicidade e legitimidade para que as diferenças surjam como uma influência lúcida. Aprender e evoluir só é possível se conseguirmos ter a humildade necessária para mudar e criar diferenças ao longo da nossa vida.

Eu mudei… e quero mudar mais por ti.

domingo, 17 de maio de 2009

... caminho por um túnel?

Aprendi a pascer da escuridão.

Aprendi a empregar os meus sentidos para me guiar pela obscuridade.

Aprendi, porque nunca descobri outra solução se não adaptar-me ao trilho sombrio que percorro ao longo de um túnel…

Estou cada vez mais dentro dele e percebo que sempre lá estive; estarei. Sujo… Negro… Armadilhas…

Não tenho capacidade para sair dele. O que fazer? Galopar enraivecido até encontrar a saída? Simplesmente parar e crer que me salvem? Não… como se atraiçoam as pessoas que o fazem. Acham que conseguem escapar; que existe uma saída; que alguém irá olhar por elas. Pobre espírito, que cativa ainda mais a abrupta morte… emocional.

Agora percorro o túnel com um largo sorriso nos lábios.

Aprendi a fugir das armadilhas.

Aprendi que este túnel tem pouco de positivo. Mas o que detém de bom, vale a pena partir à descoberta e conquista…

Aprendi, essencialmente, que a luz no escuro brilha mais intensamente…

Sou seduzido pelos clarões que se avistam à medida que se caminha. Uns consigo alcançar… outros são mera ilusão… outros uma feliz concretização.

Como caminhar no túnel através do escuro? Será que as raras luzes que vão surgindo chegam para nos guiar? Definitivamente que não. Pensar dessa forma representa a literal ignorância e comodismo.

É essencial construirmos a nossa própria luz, que corresponde a uma identidade distinta e uma honra sólida. Essa conquista, representa o primeiro passo. Fico com pena ao ver tão poucas pessoas a dá-lo.

Honestamente, já não quero saber. Percebi que não tenho capacidade para mudar as pessoas. Não tenho tempo, nem sequer possuo essa legitimidade. A vida é demasiado curta. Anseio por me iluminar mais e por encontrar outras luzes.

Avistei um clarão recentemente. Espreitei… Sim! Está ali algo que resplandece ao cimo de umas escadas. Os meus olhos arregalam-se. Que vontade me deu para correr em direcção a ela. Já faz muito tempo que não fruía o prazer de observar algo assim. Mas a lucidez será soberana, e subirei um degrau de cada vez.

Será que vou conseguir alcançá-la? Como será o caminho até ela? O que acontecerá quando ambas as luzes se fundirem numa só…?

Já subi mais uns degraus e não me tenho enganado. Está ali certamente Alguém. Será que também me viu? Será que tem tanto desejo e curiosidade quanto eu?

Quero Aquela luz. Desejo-A. É intensa e não A posso deixar escapulir.

Mordo os lábios… o meu batimento cardíaco aumenta. Vejo uma figura ao longe… És Tu…! Dentro da luz surge uma Mulher… Será uma alucinação? Não… Existes… És real…

Neste momento já não caminho. Flutuo… Esperando que as nossas luzes se fundam. Não és uma luz, mas sim A luz.

Quero aprender quem És, como És.

Mordo os lábios… Desejo-Te!

Mordo os lábios… Quero-Te!

segunda-feira, 11 de maio de 2009

... tanta inveja?

A inveja é um estado interessante de ser analisado, pois genuinamente ele existe dentro de nós. Ignorá-lo... reprimi-lo... simplesmente não resulta.

Na minha opinião, deveremos então perceber a origem da inveja, de forma a conseguir lidar com ela da melhor forma.

Geneticamente o ser humano, como a maior parte das outras espécies animais, possui no seu instinto de sobrevivência a necessidade de se sentir mais forte, e provar isso mesmo ao outro elemento da espécie.

Desta forma, a inveja assume duas vertentes:
1- no ser mais forte, a tendência natural é querer provocar inveja ao mais fraco;
2- o mais fraco, naturalmente anseia ser mais forte, invejando quem o é.

Este despique natural não existe por acaso na maior parte das espécies animais. Este é benéfico, pois simplesmente é o que estimula o desenvolvimento e evolução da espécie. Parece um pensamento frio, mas simplesmente factual. Pela natureza fora, temos exemplos mais "cruéis" de evolução da espécie, como por exemplo, as crias mais frágeis serem mortas pelos progenitores. O facto é que cientificamente está provado que este tipo de leis da sobrevivência são fundamentais para toda a evolução de qualquer espécie.

Ou seja, percebendo a sua origem, na minha opinião, o problema não reside no facto de sentirmos inveja... mas sim como reagíamos a ela.

Não acho mal alguém demonstrar o poder que tem. Apenas convém medir a forma como o faz, tentando preservar a sua humildade. De resto, demonstrar aquilo que se atingiu, pode ser forma de incentivar outras pessoas a consegui-lo também.

Não considero errado alguém ambicionar algo mais, comparado com a pessoa que está ao lado. Desde que não a prejudique ninguém para atingir os seus fins.

Felizmente tenho objectivos próprios na minha vida, muito independentes do que me rodeia. Mas não sou hipócrita ao ponto de dizer que não sinto inveja de algumas pessoas. Sinto-a e já surgiram situações em que a usei conquistar algo mais. Mas sempre sem prejudicar quem quer que seja.

Temos de sentir a inveja naturalmente, assim como aprender a lidar com ela. Fugir... hummm... aliás, fugir é um mau princípio aplicado a qualquer sentimento.

Poderemos fugir do fogo se não tivermos meios para o apagar. Poderemos fugir de alguém que nos queira agredir se não tivermos forma de nos defender. Dos sentimentos, simplesmente não se foge: enfrentam-se e aprendemos a lidar com eles.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

... tanta falta de honra?

Hoje apetece-me rabiscar sobre aquilo que mais preso na minha vida: a honra. É com ela com quem estou casado em primeiro lugar. É a ela que terei de ser fiel e me dedicar a vida inteira. Até porque, não há disjunção possível. Todos nós possuímos uma honra. Cada um terá a relação que quiser com ela.

O típico português é pouco dado à política. Especialmente os políticos. Mas a nossa honra é essencialmente uma questão de estado. Do nosso estado pessoal… É ela que define uma base de regras, leis pelas quais edificamos a nossa identidade.

Aquilo que nós denominamos de maturidade é precisamente o método de evolução positiva da nossa honra. Ao longo da nossa vida, dependendo da capacidade de raciocínio, gosto pela aprendizagem, lucidez e bom senso, vamos erigindo e definindo as nossas leis; a base que está na origem daquilo que pensamos, dizemos e fazemos, ou seja, daquilo que somos.

Da nossa honra resulta o nível de integridade e coerência das nossas acções, que nos permite ter convicções fortes e, sobretudo, fundamentadas. São precisas mais razões para lhe prestarmos atenção? Dedicação? Respeito? Lealdade?

Para mim não. Mas o facto irónico é que ao meu redor todos se proclamam tão inteligentes… tão sábios… num nível de luminosidade tão elevado… No entanto, onde anda aquela identidade fundamentada pela honra? Raramente se encontra alguém genuíno, que pense pela sua própria cabeça. Raramente se encontra alguém que não queira passar uma rasteira a quem passa ao lado. Raramente se encontra alguém que coloca o orgulho de lado, e humildemente convive com quem o rodeia.

Pensar na origem de tanta falta de honra pessoal acho que se simplificou nos últimos tempos. Todos os outros seres vivos também têm as suas regras. Desde os mais simples, até aos mais complexos a nível de inteligência, como é o ser humano. Todos os outros seres vivem em harmonia com a natureza, e todas as leis se complementam num ecossistema simplesmente magnífico. No meio disto tudo, quem é elemento destabilizador? Quem é o único ser que provoca desequilíbrios negativos?

Até um sismo de elevada magnitude representa que o nosso planeta está vivo, demonstrando um dos processos de renovação de vida mais imponentes. Mas a desflorestação, poluição, responsabilidade directa na extinção de tantas espécies… são puros actos de destruição. Nada se perde, tudo se transforma? Connosco não é bem assim. Muito já fizemos para que muito se perdesse sem retorno.

Todos os seres vivos têm os seus dons específicos. O ser humano desenvolveu o seu cérebro, como outros seres desenvolveram outras características. Digamos que o ser humano não tem o sentido de responsabilidade necessário para controlar o seu ímpeto ganancioso que a inteligência faculta. É complemente esquecido que quanto mais inteligência detemos, mais leis devemos ter, construindo uma identidade fundamentada na nossa honra.

A honra é o nosso equilíbrio, o pilar da lucidez. Evolui-la, deverá, apenas, representar o nosso primeiro e eterno desafio…

segunda-feira, 28 de julho de 2008

... ainda existe tanta discriminação?

Para encurtar caminho, chamo-lhe IDT. Representa o acrónimo: Ignorância Dogmática Telecomandada. É uma doença desta nova era da informatização e globalização. É um tipo de ignorância que também abrange a classe social com bons recursos financeiros e que tem acesso às mais recentes fontes de informação. É uma estupidez, só para acabar este primeiro parágrafo.

A IDT é a responsável pelos mais variados tipos de discriminação que hoje em dia ainda temos de aturar: racial, orientação sexual, sexo, idade… Serão estes os tipos que considero mais marcantes.

Infelizmente, o conceito instituído de inteligência na nossa sociedade, corresponde aquela pessoa que tirou um curso superior com distinção. Então se tira um mestrado ou doutoramento, só não é considerado um deus, porque ainda não calhou. Mas já está em estudo… No entanto, a maior parte das pessoas esquece uma variável fundamental para o atingir um nível de inteligência lúcida: bom senso. É esta pequena característica que nos permite pensar pela nossa própria massa cinzenta, construindo as nossas próprias ideias, opiniões e acções.

Sem esse bom senso, as pessoas acabam por se tornar apenas numas marionetas sociais, sem qualquer autonomia no desenvolvimento e aplicação da sua identidade. Pensam e agem de uma certa maneira, apenas porque dogmaticamente seguem as correntes sociais e religiosas que lhe foram injectadas.
Reflecte, também, um comodismo emocional enorme. De facto, é mais fácil por os outros a pensar por nós nas questões sensíveis da nossa vida. Quer dizer, sensíveis mais ou menos. Pegando no exemplo:

- “Então, o que gostas de vestir?”
- “Ainda não sei. Não li as últimas revistas da moda… Depois de ler, já te digo o que é que eu gosto.”

Este é um caso superficial de IDT. Depois temos os mais sensíveis e que mexem com o factor fulcral da felicidade de cada pessoa: liberdade emocional:

- “Então, o que achas da homossexualidade?”
- “Ai que nojo… morriam todos!!!”
- “Mas porquê?”
- “Porquê? É deus que diz. Ele é que sabe…”

Um caso infeliz de IDT agudo…

Ainda não me pronunciei sobre o T do IDT: telecomandado. Inclui este termo pois existe um fenómeno extraordinário e simplesmente delicioso de observar relacionado com a mudança. Sim, os IDT também estão sujeitos à mudança, mas num contexto e condições especiais. Nos vários tipos de IDT, existem sempre os mestres. Os pastores de todas as ovelhinhas, como eu os gosto de denominar. Se algum deles acorda um dia de manhã com os pés de fora, e se lembra de fazer X, todas as ovelhas o seguem. É um processo de copy paste, que nunca falha. Posso novamente dar um exemplo superficial: os betinhos. Se o betinho pastor acha que um dia o sapatinho de vela tem de ter uma sola branca, os betinhos ovelhas seguem-no religiosamente. Aliás, vou colocar em cima da mesa, um suponhamos. Hipoteticamente se o betinho pastor se lembrasse de andar vestido com camisas e calções às florzinhas, os betinhos também o iriam seguir, novamente religiosamente. Seria algo completamente ridículo. Mas pronto, é uma hipótese radical que me lembrei agora, caricaturando a situação. Ups… afinal houve um betinho pastor que se lembrou disso… E flores de todas as cores para todos… Ai mas tão lindos e ricos que eles ficam… E aquela das camisas com os ursinhos nas costas? De chorar a rir e por mais. Sem dúvida que a raça dos betinhos tem sido um caso de estudo extremamente enriquecedor.

Mas o real problema não se manifesta nestes pequenos actos superficiais. Quer dizer, é um começo. Se para coisas simples as pessoas não são autónomas, muito menos para as mais complexas. Mas o que realmente me preocupa são aqueles actos e ideais que provocam discriminações. Uma coisa já conclui: o nível de discriminação de uma pessoa perante outras é directamente proporcional à sua falta de identidade.

A classe social que por obrigação deveria ter mais autonomia cerebral, é uma incontrolável possuidora abafante de IDT: classe política. Têm todos um tipo de postura política que, desde que me lembro de os ver, é sempre a mesma. Será que vou morrer sem ouvir a palavra cooperação em vez de luta? Estratégia em vez de tudo-à-pressa? Responsabilidade em vez de propaganda? Resultados em vez de votos? Não estou nada convicto…

Do lado direito da nossa assembleia, temos ainda os artistas que não deixam ficar as suas orientações dogmáticas religiosas em casa. O nosso governo não deveria ser laico? Não era suposto as pessoas serem livres emocionalmente, optando por pelo seu livre estilo de vida desde que não interfiram com a liberdade dos outros? Claro que se eu escolher como estilo de vida matar outras pessoas, ai estou a interferir na vida de alguém. Agora um homossexual que escolheu viver com outra pessoa, comprou casa, viveu anos com ela, ainda por cima sempre reprimida por uma sociedade hipócrita, e por infelicidade o(a) companheiro(a) morre, tem 1001 problemas por causa das heranças… É só um exemplo entre tantos outros. Uns quantos energúmenos de IDT, acham-se no direito de dizer como os outros têm de viver emocionalmente, contribuindo para uma sociedade completamente demente.

Ainda há pouco tempo, uma responsável governativa sem responsabilidade, veio passear, orgulhosamente e de nariz empinado, o seu discurso católico para a praça pública. Novamente condenando os homossexuais. Novamente querendo ela dizer às pessoas o que devem ou não fazer com o seu casamento. Para essa mulherzinha com o nome de Manuela Ferreira Leite, a família apenas serve para a procriação. Até me dá um arrepio ao ouvir coisas destas. E repare-se, por exemplo, no horror desta frase dita por essa criatura sobre um casamento homossexual:

- "Chame-lhe o que quiser, não lhe chame é o mesmo nome. Uma coisa é o casamento, outra é outra coisa qualquer”.

É triste. Uma coisa é ter uma opinião. Outra é ter poder e influência para obrigar os outros a seguirem essa opinião, que DEVE e TEM de ser livre. Que tenham as convicções que quiserem, mas não as levem para o trabalho, prejudicando a vida de tantas pessoas, e contribuindo para uma sociedade retrógrada, limitada e não autónoma. Já que essa Leite defende a autonomia financeira dos jovens, afirmando que não precisam de subsídios pois todos têm de ter nascer com ideias para novas empresas, porque é que também não luta por uma autonomia ideológica. Ah, já me esquecia que a nível psicológico não pode ser, pois convém aos pastores controlarem as cabecinhas dos seus rebanhos.

Ai está o segredo de qualquer IDT: conseguir fazer com que um grupo de pessoas faça aquilo que se quer sem perguntarem porquê. Total submissão é igual a total controlo, que é igual a uma sociedade limitada, com letargia emocional e impregnada de todo o tipo de discriminações.

sábado, 28 de junho de 2008

... mastigam as pastilhas de boca aberta?

Existem comportamentos sociais muito curiosos, pois são transversais. Ou seja, são completamente independentes do estatuto social e económico, raça, idade, and so on... and so on. O processo de mastigação de um derivado do petróleo com corantes, conservantes e açúcar, é um deles.

Analisando, em primeiro lugar, a questão da idade. Até aos dois... vá, três anos, dou um desconto. Mas só à criança. Não aos pais, pois começarem logo a poluir o(a) miúdo(a) com pastilhas nessa tenra idade... digamos que não é bom sinal. Voltando à criança: esta ainda está a aprender a mastigar, apesar de ser um acto inato e reflexo. Mau controlo dos maxilares, a vontade de querer falar ao mesmo tempo... bem, quiçá mais meia dúzia de argumentos para desculpar este pequeno grupo de indivíduos.

A partir dos três anos... Bem, não encontro razões que justifiquem tal atitude. Pelo menos, que façam sentido. Mas tenho pensado no assunto, podendo surgir algumas explicações plausíveis.

Uma delas, já que está na ordem do dia o aumento desenfreado do preço dos combustíveis, poderá estar relacionada com uma espécie de demonstração de poder por parte de quem a masca. Ora acompanhem o pensamento de tal criatura:

- "Eu sou tão poderoso que até mastigo petróleo!..."

- "Aquilo que tu gastas em gasoile numa viagem de automóvel em direcção ao teu emprego, como eu em três tempos!..."

- "Sou tão rico, que até como petróleo... e até o defeco!..."

E pronto, o deixar a boca aberta, é para que toda a gente, toda a gente mesmo, se aperceba bem do real poder que esta pessoa detém.

Estou sempre preocupado com a saúde das pessoas. Das que convivem comigo, e até do resto. Sou muito bonzinho. Pelo que também me lembrei: será que têm problemas em respirar pelo nariz, tendo a necessidade de se servirem da boca como orifício para inspirar e expirar? No entanto, quando não estão a comer o famigerado alimento, estão de boca bem fechada. Pelo que o meu argumento caiu por terra. Ou então não, caso respirem pelo mesmo orifício que defequem. Se calhar é isso... Bem, parando com a mer***, e seguindo para próxima explicação.

Há muito que se estudam formas consideradas não convencionais de alimentação, pois a fome mundial ameaça atingir níveis verdadeiramente aterradores. Uma dessas formas, será criar uma farinha à base de moscas. Estas seriam procriadas em gigantescos edifícios, sendo depois cozinhada uma farinha a partir das mesmas, após a sua morte. Esta farinha, tem mais 30% de valor nutricional que as actuais farinhas convencionais. Atenção, o que estou a dizer é verdade. Pelo que tive outra lembrança: será que as pessoas, ao mastigarem as pastilhas de boca aberta, não estarão à espera que lhes entre um moscardo, daqueles grandes e verdes florescente, pela boca a dentro, começando já a habituarem-se ao futuro cada vez mais presente? Ou será mesmo pelo gostinho extra a excremento depois do moscardo ter pousado na mer***?! Fica a dúvida…

Mas aqueles que me dão mais gozo, são os que colocam uma postura muito segura e jubilante (acho que esta palavra não existe… mas passa a existir) durante a degustação da chiclete. Aquele sorriso de boca torta... aquele barulhinho sinfónico da saliva a ser apertada entre a pastilha e os dentes... e o temível pensamento:

- "Eu sou muita bom(a)!..."

- "Olha-me pró meu estilo!..."

- "Curte-me lá pá!..."

Esses sim, dão-me gozo, mas metem-me medo ao mesmo tempo. É que eles acham mesmo que estão a fazer algo que lhes coloca a auto-estima em níveis tão elevados, que até parece que ganharam o euro milhões.

E quem anda a desabrochar a boca enquanto manduca pastilhas? Toda a gente. Homem das obras? Sim... Empresário de sucesso? Sim... Aluno que agride professores? Sim... Professores agredidos? Sim... Ladrões? Sim... Polícias? Sim... Francisco Louça? Sim… Paulo Portas? Sim…

Mas ao menos, pessoalmente, posso responder com orgulho: EU NÃO! Quer dizer, mas eu também nem se quer como pastilhas :P.

P.S.: Este texto é dedicado às pastilhas Gorila. Por ventura, possuía o único modelo onde é possível desculpar estar de boca aberta: SUPER GORILA. Quem já as comeu, sabe do que estou a falar :).

domingo, 15 de junho de 2008

... utilizam o chuveiro dos deficientes?

O ginásio é um local onde facilmente praticamos desporto. Com uma vida tão sedentária, acaba por ajudar a equilibrar o nosso corpo e mente. Quer dizer... a mente a alguns nem por isso.

Como em todos os locais onde existe um considerável número de pessoas, surgem sempre alguns comportamentos dignos de serem não só vistos, mas também interpretados.

Um deles, é a invasão do chuveiro reservado aos deficientes, supostamente por pessoas consideradas normais. A primeira questão que surge é precisamente: será que num determinado momento, é o único disponível? A resposta é não, acrescentando o facto de que existem sempre imensos livres.

Será um fetish reprimido de se poderem sentir deficientes? Será que enquanto estão a esfregar o surro, imaginam:
- "Quem me dera não ter uma perna..."
- "Se me aparecer o génio da lamparina, o meu primeiro desejo seria tornar-me tetraplégico..."

Ou então, ainda mais estranho, não será o facto de eles se quererem sentir deficientes, mas terem vontade de transparecer aos restantes companheiros de balneário que são deficientes:
- "Que bom pensarem que sou um coitadinho..."
- "Tenham pena de mim; sou um inapto..."
- "Preciso de carinhos; sou deficiente..."

Pode ainda ser uma questão financeira. Como sabem, a percentagem de desconto na tabela do IRS, privilegia (e muito bem) os deficientes, sendo mais baixa. Por ventura, essas pessoas meteram uma cunha algures, e são deficientes perante o estado. Depois na sua vida real, têm também de parecer. Sempre se disse que: "à mulher de César não basta ser honesta, tem de parecer honesta".

Poderão existir outras explicações. Estou a lembrar-me do facto de o chuveiro ser o primeiro. Será que as pessoas estão tão cansadas, que não têm força para irem até aos chuveiros seguintes? Realmente devem estar tão esgotados... especialmente aqueles que ficam cerca de quatro a cinco horas em frente ao espelho, de pé, a procurem borbulhas pelo corpo para espremerem, e/ou a despentearem o cabelo.

Será ainda um problema claustrofobia? De facto, o chuveiro para os deficientes é maior. Não muito... mas se calhar o suficiente para alguém não morrer asfixiado.

Pelo sim, pelo não, essas pessoas estão na minha lista de seres humanos a evitar. Ou então, estou para aqui a pensar que são pessoas perigosas, e na volta até têm boas intenções... ou até pode ser uma doença que os obrigue a participar nas sessões dos FDA: Fingidores de Deficientes Anónimos:
- "Boa noite. Sou o José António e há 4 dias, 3 horas, e 6 minutos que não tento parecer um deficiente..."

O meu voto de coragem... Não desistam...